Álcool e drogas na adolescência: entenda as consequências

Por Nalu Dias, para o EU Atleta — São Paulo

É importante lembrar que a ciência já demonstrou que o cérebro de uma pessoa só fica completamente maduro e formado por volta dos 25 anos de idade. Por isso, álcool e drogas afetam a função cerebral dos jovens de forma mais incisiva.

Alegoria de um cérebro embebido de bebida alcóolica — Foto: Istock Getty Images

Alegoria de um cérebro embebido de bebida alcóolica — Foto: Istock Getty Images

Caldato e o médico geneticista Alexandre Lucidi ainda apontam que o consumo de álcool e drogas causa modificações neuroquímicas e têm vários efeitos no cérebro e na vida social, tais como:

  1. Prejuízos na memória e no aprendizado;
  2. Perda do controle dos impulsos;
  3. Prejuízos na estruturação das habilidades cognitivo-comportamentais e emocionais do jovem;
  4. Privação de oxigênio e deficiência de nutrientes necessários ao tecido cerebral;
  5. Danos diretos, lesões e morte de células cerebrais, incluindo receptores de neurotransmissores;
  6. Aumento do risco de desenvolvimento de transtornos de saúde mental, como depressão e ansiedade. Estudos apontam ainda o uma maior probabilidade de desenvolvimento de esquizofrenia.
  7. Jovens fisicamente ativos, que praticam esportes, estão sujeitos aos efeitos da associação entre exercícios e álcool, como arritmias, hipoglicemia; desidratação, fadiga; queda na concentração, perda de massa muscular e piora no desempenho;
  8. O uso de drogas anabolizantes, com o objetivo de aumento de massa muscular e melhora do desempenho, também tem graves efeitos, como aumento da incidência de tumores, principalmente no fígado; elevação do colesterol ruim (LDL) e redução do colesterol bom (HDL), provocando inclusive casos de infarto do miocárdio em jovens; alteração do comportamento, com tendência a potencializar a agressividade; maior incidência de acne.

– O uso de álcool e drogas na adolescência está associado a uma série de comportamentos de risco, além de aumentar a chance de envolvimento em acidentes e violência sexual. A atitude de adolescentes diante do consumo de drogas é preocupante, devido à sua vulnerabilidade e imaturidade psíquica e emocional, sendo relacionada a um risco aumentado de transposição da atitude de experimentação para abuso e posterior dependência – informa Higor.

Esses efeitos também afetam os cérebros adultos, mas têm impacto ainda mais profundo nos jovens. O psiquiatra ainda afirma que os danos causados pelo uso na adolescência afetam toda a vida do usuário, de maneira muito mais agressiva do que se é evidenciado na vida adulta.

– É durante a adolescência que o jovem forma sua personalidade e individualidade, e é também o período em que as drogas se fazem mais presentes. Por isso, medidas de prevenção do uso de substâncias e estratégias de tratamento eficazes, nas situações em que o uso já acontece, beneficiam os adolescentes. Dependendo do tipo de dano, é possível revertê-lo. No entanto, em casos de morte celular extensa, a reversão pode não ser possível. O tratamento e os avanços tecnológicos estão ajudando a melhorar as chances de que as funções perdidas possam ser recuperadas após o término do abuso de substâncias. Isso inclui habilidades para reduzir os desejos que tornam a pessoa mais propensa a recair no uso de substâncias e evitar que continuem contribuindo para mais danos – disse o psiquiatra Higor Caldato.

– Observa-se que os adolescentes, muitas vezes, não as consideram as drogas lícitas (como o álcool) como drogas e, ainda, ponderam as lícitas como substâncias “boas” e as ilícitas como “más”, comportamento reforçado pela aceitação em consumir drogas lícitas. Porém, é importante ter atenção a todas elas e entender os prejuízos que elas trarão para a vida de cada um – afirma o médico.

Os adolescentes apresentam uma tendência de reprodução comportamental, segundo o psiquiatra, e por isso são necessárias estratégias de educação em saúde que visem a prevenção para o uso dessas substâncias. Essas estratégias devem envolver o adolescente, amigos e familiares.

– É importante que adolescente seja conduzido a desenvolver atitude própria e conscientização sobre o uso de substâncias, entendendo que para ser aceito socialmente não é necessário ter esse tipo de comportamento tão prejudicial à saúde. Além disso, o uso de substâncias pelos pais e a ausência de vínculos afetivos tornam os filhos mais propensos ao uso de álcool e outras drogas. Ao contrário, diante de uma atitude positiva de não fazer uso dessas substâncias, haverá uma tendência para repetir a atitude aprendida – conclui o psiquiatra Higor Caldato.

O geneticista Alexandre Lucidi ressalta que transtornos relacionados ao uso do álcool, por exemplo, afetam cerca de 10% a 15% da população no mundo, causando despesas médicas e questões sociais, econômicas e de saúde mental.

– Infelizmente, as opções de tratamento eficazes são limitadas, devido em parte às formas complexas pelas quais a ingestão de álcool afeta o sistema nervoso. A exposição aguda e crônica ao álcool produz neuroadaptações moleculares e celulares que influenciam a atividade de regiões cerebrais em tipos de células distintas e mecanismos complexos que, por sua vez, conduzem a comportamentos como uso abusivo, ansiedade, desejo e a recaída – afirma o geneticista.

Fontes:
Alexandre Lucidi (@alucidi) é médico geneticista atuante em Neurogenética e Neuroimunologia. Graduado em Medicina pela Universidade Estácio de Sá (UNESA), tem residência médica em Genética Médica pelo Instituto Nacional da Saúde da Criança, da Mulher e do Adolescente Fernandes Figueira, Fiocruz (IFF/Fiocruz) e especialização em Neurologia pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. É mestrando do Programa de Pós Graduação em Neurologia da UNIRIO/HUGG.
Higor Caldato (@drhigorcaldato) é médico psiquiatra e sócio da Nutrindo Ideais (@nutrindoideais), especialista em psicoterapias e transtornos alimentares. Graduado em medicina pelo Instituto Tocantinense Presidente Antônio Carlos (ITPAC/FAHESA), fez sua residência médica em psiquiatria e suas especializações em psicoterapias e transtornos alimentares pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Carlos Antero

Educador Físico

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