Orgasmo na academia: ciência explica por que o prazer feminino não precisa de estímulo sexual no coreorgasmo

Por Poliana Casemiro, g1

Termo é conhecido na literatura médica desde os anos 1950, mas ganhou as redes sociais com relatos de mulheres que experimentaram a sensação nas academia. Core é um conjunto de músculos que envolve os abdominais e, que se estimulados, podem disparar o prazer mesmo sem o toque íntimo.

Um calor que sobe pelo corpo, uma energia impossível de controlar e, de repente, você se sente molhada. Isso é um orgasmo. No entanto, o cenário a sua volta é um pouco diferente: pesos, halteres, esteiras. Sim, mulheres podem ter orgasmos durante exercícios físicos e isso pode acontecer com qualquer uma, em diferentes tipos de atividades e é incontrolável. É o coreorgasmo.

O termo apareceu pela primeira vez na literatura nos anos 50, quando o especialista em sexo Alfred Kinsey descreveu em seu livro a experiência de orgasmos durante atividades físicas, sem qualquer contexto sexual.

Isso só voltou a ser discutido em 2012, com o relato de várias mulheres sobre a experiência. A partir daí, a pesquisadora Debby Herbenick, da Universidade de Indiana, nos Estados Unidos, decidiu estudar o assunto e, em apenas cinco semanas, reuniu relatos de 370 mulheres que contaram ter tido experiências de prazer durante exercícios.

A pesquisa apontou ainda que 33% das mulheres chegaram ao ápice com um orgasmo em atividades físicas.

Ou seja, mais de 60 anos depois, a descoberta trouxe a confirmação para o que mulheres vinham apontando ao longo dos anos e uma revelação sobre a sexualidade feminina: até então, não se sabia que mulheres poderiam gozar fora do contexto sexual.

O coreorgasmo não tem nada a ver com estímulo sexual, mas também não tem relação com o prazer pela atividade física em si, mas com o estímulo em pontos estratégicos que alguns exercícios podem causar. (Entenda mais abaixo.)

A médica ginecologista Marina Almeida, de Brasília, conta que já passou várias vezes pela experiência. A primeira foi antes mesmo que ela soubesse o que era um orgasmo, porque não tinha vida sexual ativa.

“Eu comecei a treinar antes de ter vida sexual ativa e, quando fazia alguns exercícios, sentia que eles eram prazerosos. Depois que comecei a transar, percebi que o que eu sentia eram orgasmos. É incontrolável e tinha que evitar alguns aparelhos porque eu ficava com vergonha.” — Marina Almeida, médica ginecologista.

A ginecologista conta que ainda hoje passa por essas experiências, mas agora as encara de uma forma diferente, por entender que não é necessário constrangimento porque o orgasmo feminino não pode ser um tabu.

Musculatura do core é relacionada ao estímulo que pode levar ao orgasmo — Foto: Anastasia Shuraeva/via Pexels

Como e por que isso acontece?

Antes, é preciso entender como um orgasmo acontece. Ele é o ápice do prazer que acontece em um processo físico e químico.

Primeiro, tem o estímulo físico nos pontos erógenos que pode ser feito pela própria pessoa ou um(a) parceiro(a). Esse estímulo, por sua vez, causa uma sensação de prazer que, quando em seu auge, envia uma mensagem ao cérebro, que libera neurotransmissores. Neste momento, se inicia um processo químico que termina no orgasmo.

No coreorgasmo, o processo é parecido, mas não envolve a excitação sexual:

  • Como o nome diz, o core vem do próprio core, um conjunto de músculos que envolve os abdominais, da região lombar, pelve e quadril.
  • Quando o core é ativado na atividade física, isso também faz a contração dos músculos do assoalho pélvico, o que acaba ativando também o clitóris.
  • Essa ativação constante também estimula o clitóris e os músculos da parede anterior da vagina, que também é um ponto erógeno.
  • Esse estímulo emite uma mensagem ao cérebro que libera neurotransmissores do prazer, como serotoninaendocanabinoides e opioides. (Veja a imagem abaixo.)

Alguns exercícios, como agachamento, por exemplo, provocam como se fosse um abrir e fechar da vagina, porque está ativando os músculos da pelve. Isso acaba por estimular o clitóris. Com isso, ele manda um sinal ao cérebro que começa a liberar os neurotransmissores do prazer e, então, chegamos ao orgasmo.

— Fabiene Bernardes, presidente da Comissão de Sexualidade da Febrasgo

A ginecologista Marina Almeida, que já experimentou o coreorgasmo, explica que, além do clitóris, alguns exercícios podem ativar a parte interna da vagina, que também é erógena – ou seja, capaz de dar prazer.

“Exercícios que exigem força na parte inferior do abdômen provocam uma contração, aumentando a pressão. Isso causa atrito entre os músculos internos do órgão genital, ativando o fundo da vagina, que também é uma área erógena. Isso leva a um orgasmo”, explica.

Segundo as especialistas, a sensação é a mesma do orgasmo durante o ato sexual: tremor, revirar de olhos, uma sensação de choque no corpo e a região íntima molhada. Em alguns casos, a mulher pode não conseguir se controlar e até mesmo gemer.

O coreorgasmo pode acontecer em qualquer tipo de exercício?

Nos depoimentos recolhidos pela pesquisa da Universidade de Indiana, as mulheres relataram ter gozado em exercícios como:

  • Abdominais;
  • Levantamento de peso;
  • Ioga;
  • Ciclismo;
  • Corrida;
  • Caminhada; e
  • Escalada de corda (comum no Crossfit).

Nas redes sociais, há dezenas de vídeos de mulheres que gravavam seu treino e compartilharam por se surpreender com um orgasmo enquanto faziam algum tipo de força. (Veja o vídeo abaixo.) Na hashtag sobre o assunto nas redes, é possível, inclusive, encontrar quem ensine como experimentar um orgasmo com alguns exercícios específicos.

As especialistas explicam que isso pode acontecer com qualquer mulher e em qualquer idade. No entanto, ressaltam ser preciso levar em conta os fatores individuais que envolvem o orgasmo e, por isso, não há uma “receita” sobre como levar o corpo a dar esse tipo de resposta.

Não há um estudo que indique o quão comum ele pode ser e isso também reflete um fator cultural: a sexualidade feminina foi tabu por muitos anos, fazendo com que mulheres não se conhecessem. Ou seja, há quem passe por um orgasmo e nem mesmo saiba o que está sentindo.

🔍 Um estudo conduzido pelas universidades de Chapman, Claremont Graduate e Indiana University, que ouviu mais de 52 mil pessoas, entre homens e mulheres, com diferentes orientações sexuais (hetero, gay e bissexual), descobriu que entre os entrevistados quem tinha menos orgasmos era a mulher, com menor índice entre as heretossexuais — 65% disseram chegar a gozar na relação.

A sexualidade feminina foi por muito tempo um tabu e muitas não se conhecem, não reconhecem o orgasmo, por exemplo. Então, pode ser que haja mais casos, mas a pessoa não sabe o que está passando.

— Mariana Almeida, ginecologista

Alguns dos sinais de um orgasmo são choques curtos na vagina, calor no corpo e tensão nos músculos, seguidos de um relaxamento.

“É uma reação prazerosa, aguda, com pequenos choques na parte da vulva e da vagina, causa tremor no corpo. Em alguns casos, a mulher pode verbalizar. Ocorre de forma rápida, via de regra, dura alguns segundos e vem acompanhado de uma sensação de relaxamento logo após”, explica a ginecologista Mariana Almeida.

A médica e presidente da comissão de sexualidade da Febrasgo, Fabiene Bernardes, reforça que esse o coreorgasmo é um processo natural e que não deve ser tratado com constrangimento.

“A mulher teve sua sexualidade tolhida e acaba sentindo vergonha e culpa quando tem um orgasmo em um local público. Isso não deve acontecer porque é um processo natural do nosso corpo. Mulheres gozam”, diz.

Carlos Antero

Educador Físico

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