Pé chato ou plano na infância pode atrapalhar o esporte na vida adulta

Você sabia que é possível detectar o pé plano na infância? Para entender como isso acontece, precisamos primeiramente compreender como é o desenvolvimento dos pés.


Ao nascer, o bebê apresenta ossos constituídos de matrizes de cartilagem, que ainda vão passar por um processo de calcificação. Por conta dessa característica, existe muita flexibilidade nos pés, sendo comum que eles se apresentem de forma plana ou levemente convexa. A formação do arco plantar costuma acontecer por volta do quarto ou quinto ano de vida, acompanhada pelo desenvolvimento da musculatura. Configura-se como pé chato aqueles pés que não apresentam a curva natural na parte interna.

Arcos dos pés pé chato plano eu atleta — Foto: Istock Getty Images

Arcos dos pés pé chato plano — Foto: Istock Getty Images

Relacionado com o desenvolvimento da criança, o pé chato é muito prevalente em crianças abaixo de dois anos, reduzindo a incidência conforme o crescimento. Quando a criança começa a andar, a carga sofrida pelos pés funciona como um estímulo para o desenvolvimento completo dessas estruturas.

Diferentemente do que era implementado até meados dos anos 90, atualmente não se indica o uso de botas ortopédicas e órteses para correção de pé plano em crianças antes do desenvolvimento completo do paciente. Isso porque ficou comprovado que esse tipo de tratamento não conseguia melhorar o formato do pé e não criavam o arco plantar medial, fazendo essa prática cair em desuso.

Estudos comprovam que a formação do arco plantar acontece de forma natural na maior parte dos casos até os 10 anos, nos casos graves, pode-se intervir para estimular. Caso a criança passe dessa idade e não apresente o arco plantar, pode ser implementada uma abordagem de tratamento.

É importante lembrar que o pé chato não se configura como uma doença, e sim como uma diferença anatômica. Isso quer dizer que esse formato, na maior parte dos casos, não costuma causar problemas para a criança.

Fatores que podem interferir no tratamento, como:

  • Dor;
  • Funcionalidade;
  • Flexibilidade.

Nesse sentido, o tratamento é indicado nos casos em que o paciente apresenta queixa de dor ou determinada incapacidade funcional. Como nenhuma dessas características se refere ao formato do pé, a presença desses sinais é fundamental para que seja indicado algum tratamento para o pé plano em crianças.

Diante desses sintomas, precisa ser avaliado por um ortopedista especialista em pé ou o ortopedista pediátrico, que irá determinar se o paciente apresenta alguma dificuldade funcional, problema de flexibilidade ou dor. Caso a resposta seja negativa não há necessidade de preocupação, sendo possível realizar um acompanhamento para verificar se essas características desapareceram até o crescimento total da criança.

Entretanto, caso esse quadro sofra alguma alteração e o paciente passe a apresentar alguns sintomas ou incapacidade com o desenvolvimento, o médico pode realizar uma avaliação a fim de determinar um tratamento para melhoria dos sintomas.

Tratamento

Nos casos em que o paciente apresenta algum incômodo ou dificuldade por conta do pé plano, pode ser necessário implementar um tratamento. Nessas situações, é comum que exista alguma patologia associada, como osso navicular acessório, coalizão tarsal ou pé tálus vertical.

O tratamento para essa condição pode ser realizado de duas formas distintas: tratamento conservador e tratamento cirúrgico. O objetivo principal doo conservador não é contribuir para a formação da curvatura do pé, e sim combater os sintomas que causam dor e impacto na rotina e mobilidade do paciente.

Tratamento conservador

  • Uso de sapatos ortopédicos

Os calçados ortopédicos são valiosos aliados no tratamento do pé plano na infância. Por serem calçados mais firmes, eles reduzem a mobilidade dos pés dentro deles, ajudando a combater a dor. É muito importante que a utilização de calçados ortopédicos seja a apropriadamente indicada por um profissional da área, de forma a evitar o desenvolvimento de outras condições ortopédicas.

  • Palmilhas específicas

Existem palmilhas que podem ser indicadas para aliviar a dor causada pelo pé plano. Com soluções personalizadas, essas palmilhas são feitas através de baropodometria a qual orienta a confecção individualizada da mesma.

  • Fisioterapia

A fisioterapia contribui para o fortalecimento muscular e ajuda o paciente a garantir uma maior mobilidade. Essa abordagem também contribui para a força, alongamento, equilíbrio e postura do paciente.

Cirurgia

Quando o tratamento conservador não consegue combater os sintomas e é necessário implementar uma nova abordagem, o médico pode recomendar a cirurgia para o pé plano. Uma vez que existem várias técnicas, é fundamental contar com a opinião de um especialista para determinar a melhor solução para o caso.

As principais alternativas utilizadas na atualidade são:

  • Artrorrise

Essa cirurgia é realizada de maneira minimamente invasiva e tem como objetivo alterar o posicionamento das articulações. Para isso, utilizamos um parafuso específico para bloquear a eversão da articulação entre o talus e o calcâneo.

Esse parafuso costuma ser retirado de dois a três anos após a cirurgia, já que esse remodelamento tende a se tornar definitivo após a retirada. Essa abordagem cirúrgica é indicada para os pacientes que apresentam pé plano flexível, de preferência em pacientes que ainda se encontram em fase de desenvolvimento.

  • Osteotomia

Através dessa abordagem cirúrgica, são realizados cortes nos ossos do pé para alteração de posicionamento. Esses cortes podem ser realizados no calcâneo, cubóide ou cunha medial, sendo fixados com ajuda de parafusos, placas ou pinos. Após essa intervenção, pode ser necessária a imobilização com ajuda de gesso e não é possível fazer o apoio do membro operado até consolidar.

Essa cirurgia pode ser indicada para crianças, adolescentes ou adultos, podendo tratar o pé plano rígido ou flexível.

  • Ressecção de barras ósseas

Indicada para o tratamento de pé plano rígido, o objetivo dessa cirurgia é remover barras ósseas – as mais conhecidas são a barra calcâneo navicular e a barra talocalcaneana.

  • Ressecção do osso navicular acessório

O osso navicular acessório é uma estrutura extra que pode causar dor em alguns pacientes. Nos casos onde o tratamento conservador não consegue entregar bons resultados, essa proeminência óssea pode ser ressecada para eliminar os sintomas.

Como dissemos acima, a escolha do plano cirúrgico deve ser realizada pelo médico responsável que irá avaliar as particularidades do caso e as necessidades do paciente. Dependendo, pode ser realizada mais de uma cirurgia para tratar situações mais complexas. Em todos os casos, operando ou não, o retorno ao esporte será progressivo e de forma gradual após a liberação médica.

Por Ana Paula Simões

Professora instrutora e mestre em Ortopedia e Traumatologia do Esporte pela Santa Casa de São Paulo e diretora da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte

Carlos Antero

Educador Físico

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