A tireoide produz os hormônios T4 e T3 que são reguladores do nosso metabolismo, ou seja, da velocidade que nosso corpo funciona. Pois bem, quanto mais T4 ou T3 ou ambos, mais rápido o metabolismo irá ficar (hipertireoidismo) e de forma oposta, quanto menos T4 e/ou T3, mais lento o metabolismo tenderá a ser (hipotireoidismo).
A velocidade que nosso metabolismo funciona é medida pelo cálculo da taxa metabólica basal. A taxa pode ser calculada através de fórmulas ou medida através dos aparelhos de calorimetria. Sabemos, por diversos estudos, que no hipertireoidismo a taxa metabólica basal tende a estar elevada, e no hipotireoidismo, mais lenta.
A glândula tireoide é responsável pela produção de hormônios que influenciam praticamente o funcionamento do organismo todo. Isso porque é ela que influencia a velocidade do metabolismo, o funcionamento do cérebro, do coração e de outros órgãos vitais.
Porém, quando o assunto é dificuldade em emagrecer, muita gente acredita que problemas na glândula é que são responsáveis. Mas, de acordo com a endocrinologista Cassandra Lopes, não é bem assim.
“É bem complexa a relação da tireoide com o ganho de peso. Há uma interferência, por conta da influência da glândula no metabolismo basal. Mas o quanto interfere, de fato, depende muito da rotina da pessoa”, diz.
A disfunção na glândula que pode causar este efeito é o hipotiroidismo, quadro em que a tireoide não produz seus hormônios em quantidade suficiente, o que acaba prejudicando o metabolismo.
Hipotiroidismo
Trata-se de uma condição quando a tireoide para de produzir alguns hormônios e deixa o organismo, consequentemente, mais lento, o que gera diversos problemas em seu funcionamento.
Por que “engorda”?
Dentre estas consequências, está a possível dificuldade em perder peso, já que o corpo passa a gastar menos energia no dia a dia.
Esta relação, no entanto, nem sempre ocorre. Segundo a endocrinologista, há pessoas que têm um hipotiroidismo grave, mas que não ganham peso algum. Mas há quem tenha um leve grau da doença e acabe ganhando mais peso.
“Isso significa que depende muito de outros fatores, não é só o funcionamento da tireoide que determina ganho ou perda de quilos”, fala Cassandra.
A profissional ainda destaca que a disfunção tiroidiana por si só não leva ao ganho de peso, mas sim facilita que isso aconteça em pessoas que levam hábitos pouco saudáveis.
Sintomas
A condição leva ao acúmulo de proteína nos tecidos e potencializa o inchaço e, com isso, o aumento do peso. “Existe um edema e não o ganho de gordura corporal”, explica a médica.
Além dos possíveis pontos a mais na balança, existem outros sinais de hipotireoidismo, já que a doença é complexa e é marcada pela falta de hormônios importantes como T4 e T3.
Esse desequilíbrio pode causar irregularidades na menstruação e no desejo sexual, na temperatura corporal, fadiga, queda de unhas e cabelo, diminuição do ritmo cardíaco, depressão, memória fraca, intestino desregulado, pele seca, aumento do colesterol, entre outros.
Como detectar hipotiroidismo?
Há os sinais físicos da doença que podem ou não aparecer, mas a endocrinologista explica que é importante manter os exames hormonais em dia.
Isso porque somente o diagnóstico médico, baseado em exames complementares como dosagem do TSH e ultrassonografia da tireoide, é que pode afirmar se há ou não disfunções na tireoide.
Por que o hipotiroidismo acontece?
O hipotireoidismo pode acontecer por diversos motivos e ser uma doença transitória ou não. É comum acontecer em pessoas com doenças autoimunes, como a síndrome de hashimoto; que já fizeram radioterapia; com deficiência de iodo; que fazem uso de determinados medicamentos e que têm casos da doença na família.
O fator genético é de crucial importância para o aparecimento das disfunções, bem como o uso de certos medicamentos, como os que contêm lítio e amiodarona.
Há casos, ainda, em que o hipotiroidismo pode aparecer após um quadro de tiroidite sub-aguda, que acontece por ação de algum vírus, como citomegalovírus.
“O vírus pode causar a diminuição temporária da produção hormonal e ser de caráter transitório ou permanente. E, consequentemente, acarretar no hipotiroidismo”, comenta Cassandra.
O estresse também é um fator que pode causar lesões na tireoide e, no longo prazo, acabar por comprometer seu funcionamento.
Doenças como depressão também alteram a produção de hormônios da tireoide e podem, consequentemente, afetar o ganho de peso.
Como é o tratamento?
A médica explica que o tratamento para hipotireoidismo é sempre feito com auxílio de hormônios.
“Não tratamos a inflamação da glândula em si, só em casos em que a pessoa sente um desconforto na região do pescoço muito grande. No mais, repomos os hormônios que ela não está produzindo, até que voltem ao normal ou como algo que a pessoa precisará controlar para o resto da vida”, afirma.
Tem cura?
A endocrinologista explica que os problemas na tireoide podem, sim, se estabilizar, suspendendo o uso de hormônios. No entanto, ela ressalta a importância do controle constante do funcionamento da glândula.
texto adaptado