Todos foram, de alguma forma, afetados pelos efeitos do isolamento social; crianças e adolescentes foram mais prejudicados por terem menor domínio dos sentimentos.
“Todas as pessoas foram afetadas pelas imposições da pandemia, mas as crianças muito mais, por não terem ainda domínio dos sentimentos e não saberem expressar suas emoções”, afirma a psicopedagoga Pâmela Portilho Silveira, que ao longo do ano enfrentou o desafio de alfabetizar uma turma de crianças e também lidou com os sentimentos de seus próprios filhos (9 e 13 anos).
“Os adolescentes e pré-adolescentes também enfrentaram dificuldades, mas nessa idade a capacidade de verbalizar os sentimentos e expôr suas emoções é maior”, explica. “Em todos os casos, independentemente da idade dos filhos, a família precisou ressignificar suas relações. Ao mesmo tempo em que a pandemia teve um lado muito ruim, também ajudou as famílias a se reconectarem”, destaca.
Quais são os sinais de alerta?
De acordo com a especialista, todas as mudanças trouxeram impactos às crianças e adolescentes, que deixaram de ter a convivência com professores e amigos. “A escola foi fundamental para o acolhimento, muito mais do que o conteúdo, que se recupera. Mas faltou o contato presencial, o abraço. Na primeira infância, que é o momento de desenvolver a socialização da criança, esse foi um aspecto muito ruim”, comenta.
Por isso, Pâmela indica que os pais observem os filhos, procurem entender o que a criança gosta e proponham atividades em família (e em segurança), como jogos, brincadeiras de acordo com a faixa etária e atividades diversas, como artesanato ou mesmo o plantio de uma horta caseira, entre outras.
- choro excessivo e sem motivo;
- crianças que têm a oralidade desenvolvida e que se fecham ou deixam de conversar;
- inapetência;
- para os maiores ou mesmo adolescentes e pré-adolescentes, irritabilidade, nervosismo e impaciência.
Quando buscar ajuda?
Para Pâmela, os pais devem começar promovendo mudanças na rotina. “Menor tempo na frente da tela, atividades em família, conversas com os maiores, entre outras ações, podem resultar em mudanças positivas. Se isso não acontecer, talvez realmente seja o momento de procurar ajuda especializada”, explica. Ainda mais porque o país não está livre de uma segunda onda do coronavírus, o que manterá o distanciamento social.
“Com o encerramento das aulas e início das férias, é importante buscar alternativas para vivências em família, afastando as crianças um pouco das telas”, diz Pâmela. “Claro que continuarão utilizando, para conversar com os amigos, jogar e assistir vídeos. Mas, nessa fase, é importante que o tempo seja reduzido”, diz.
Confira algumas dicas da psicopedagoga:
- quem tem alguma área ao ar livre segura, como um parque, sem aglomerações, deve sair um pouco com as crianças, mantendo todos os protocolos de segurança;
- crianças e adolescentes precisam de atividades físicas. Então, uma caminhada, uma volta de bicicleta ou, até mesmo, pular corda dentro do apartamento, ajuda a reduzir a tensão;
- os maiores podem participar de atividades domésticas, de acordo com a idade (arrumando a própria cama, os brinquedos, na cozinha, entre outros);
- estimule a leitura – e leia para as crianças menores;
- resgate brincadeiras antigas, como jogos de tabuleiro, amarelinha, adivinhação, por exemplo;
- não esqueça que os pais são exemplos para os filhos. Assim, não adianta querer que eles fiquem menos tempo em frente ao computador, se você fica 24 horas conectado. “Os pais não são só amigos, eles precisam ser referência em todos os aspectos”.
fonte: https://www.proteste.org.br/