A ruptura da fáscia plantar é uma lesão relativamente rara, mas pode ocorrer em praticantes de esportes que envolvem movimentos intensos do pé e do tornozelo, como o arranque do jogador de um futebol. Um exemplo atual é o de Allan, volante do Flamento que se lesionou na derrota do time para o Athletico, pelo Brasileirão, na última quarta-feira. O volante entrou no intervalo, mas caiu sozinho no círculo central depois de 16 minutos e pediu substituição. Exames mostraram uma ruptura da fáscia plantar do pé esquerdo, e o jogador vai desfalcar o time por pelo menos dois meses, inclusive nos dois jogos das finais da Copa do Brasil contra o São Paulo, o primeiro deles já no domingo (17/09). Mas o que é a fáscia plantar e que lesão é essa? Veja causas, sintomas e tratamento.
A fáscia plantar é uma faixa de tecido fibroso que se estende ao longo da sola do pé, fornecendo suporte e estabilidade ao arco plantar. Na ruptura da fáscia plantar, esse tecido se rompe. É um caso bem mais raro e diferente da conhecida fascite plantar, que é a inflamação desse tecido.
Sintomas
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Allan, de muletas, em desembarque do Flamengo — Foto: Bruno Murito/ge
Quando ocorre a ruptura da fáscia plantar, pode haver dor intensa, inchaço e dificuldade em caminhar ou praticar esportes. Muitas vezes, ouve-se um estalido e ocorre uma equimose (manchas roxas) visível na sola do pé.
Os sintomas de uma ruptura da fáscia plantar podem variar de acordo com a gravidade da lesão. Além da dor aguda, pode portanto haver hematoma, inchaço e sensibilidade localizada na área da lesão. A incapacidade de suportar peso no pé afetado também é comum.
Causas
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Ruptura de fáscia plantar causa dor aguda e pode haver ainda hematoma, inchaço e sensibilidade localizada na área da lesão — Foto: Istock Getty Images
As causas mais comuns de ruptura da fáscia plantar no esporte incluem traumatismo direto no pé ou força excessiva aplicada sobre a estrutura. Isso pode ocorrer, por exemplo, durante movimentos de salto, mudanças rápidas de direção ou aterrissagens desajeitadas. Geralmente a fáscia já apresenta sinais de dor ou encurtamento.
Diagnóstico
O diagnóstico da ruptura da fáscia plantar é feito por meio de exame físico, histórico do paciente e, em alguns casos, exames de imagem, como ressonância magnética para determinar o grau e traçar prognóstico.
Tratamento
O tratamento inicial geralmente envolve repouso, aplicação de gelo, elevação do pé afetado e uso de medicamentos para alívio da dor e redução do inchaço;
- Em casos mais graves, pode ser necessária a imobilização do pé com uma órtese funcional para alívio da dor e controle de carga;
- A fisioterapia é recomendada para ajudar na recuperação e fortalecimento progressivo da fáscia plantar e musculatura intrínseca do pé;
- Essa lesão não é caso cirúrgico.
A maioria das rupturas da fáscia plantar pode ser tratada com sucesso com um programa de reabilitação adequado, e se o atleta fizer a manutenção cardiorrespiratória e de condicionamento físico durante o processo, consegue voltar ao esporte após a cicatrização, que leva em média de 8 a 10 semanas – o que condiz com o prognóstico inicial de dois meses de afastamento de Allan.
É importante ressaltar que o diagnóstico e o tratamento de uma ruptura da fáscia plantar devem ser realizados por um profissional de saúde qualificado, como um médico ortopedista ou do esporte . Cada caso é único, e o tratamento deve ser adaptado às necessidades individuais do paciente.
Por Ana Paula Simões
Médica mestre em ortopedia e traumatologia pela Santa Casa de São Paulo e membro da Sociedade Brasileira de Medicina Esportiva